Pensamentos e Reflexões

Deus nem sempre nos ouve… Felizmente!


Era Domingo, naquela Igreja em que se “amontoavam” centenas de jovens, a Eucaristia foi vivida de forma diferente. Todos os momentos eram bem aprofundados, sempre havia uma oração concreta e profunda…

Da minha parte… ouvia-as e pensava nas quantas “baboseiras” que dizemos a Deus: “Senhor, tu és tudo para mim”; “Faz de mim o que quiseres”; “Não amo ninguém mais que a Ti”; … Palavras bonitas, saídas do coração, mas talvez pouco refletidas e assumidas. De facto, em orações mais ou menos “simples” e mais ou menos “rotineiras”, comprometemo-nos sem reservas, dá-mos tudo, pedimos tudo…
“Pai-nosso”… “Pai” com quem falo apenas quando convém! E “nosso” apenas se isso implica os que amo e os que não conheço… “Perdoa como nós perdoamos”… Pois…mais valia estar calada!
E se Deus fosse tão mau ao ponto de nos ouvir sempre? E se ele fosse tão justiceiro ao ponto de cobrar e dar segundo o que pedimos e oferecemos? E se nos amasse tão pouco ao ponto de nos satisfazer todos os pedidos (fossem eles quais fossem)?
Quando era criança, perguntava à minha mãe porque é que Deus não dava sempre aquilo que lhe pedíamos e ela dizia-me: «Quando tinhas 1 ou dois anos, às vezes, para as tuas brincadeiras, pedias-me que te desse uma faca. Para ti aquilo era muito importante e até choravas porque não conseguias entender porque eu não satisfazia o teu pedido».
Depois, olhava-me nos olhos fixamente e perguntava: «estava a agir assim porque te amava ou porque era má?»
Eu já nem precisava de responder… Só a sua capacidade de amar bastou para me explicar, tão claramente, o que é o Amor!
É certo que devemos manifestar o nosso amor, desejando amar sem medida! No entanto, as nossas palavras devem sempre revestir-se das exigências próprias do amor: compromisso, verdade, entrega…  
«Pedi e dar-se-vos-á» (Mt 7, 7), mas este “dar” é sempre segundo a escuta do Amor, é sempre resultado do Amor e é sempre unicamente por Amor.
Amemos! Rezemos! Peçamos! Convictos que sempre somos ouvidos, talvez não como a nossa mente deseja, mas, sempre e sem dúvida, segundo um Amor maior do que a inteligência humana é capaz de compreender – um Amor que vê mais longe que o nosso imediato e que suporta a nossas lágrimas para que possamos ter Vida e tê-la, de facto, em abundância (cf. Jo 10, 10) para além do momento e da dor presente.

Susana Vilas Boas
2013-07-15



O Mistério de um Sacramento
Nada parecia dar certo,
O mundo avançava sem tão pouco perceber
As razões porque chorava,
As razões do seu viver.
Num grito desesperado,
Uma lágrima sufocada
Procurou, no silêncio,
Uma paz racionalizada.
Eis senão quando,
Já ao entardecer,
Esta lágrima se apercebe
Do que está a acontecer:
As palavras ficaram para trás,
No presente: só o Amor!
Com uma palavra de Esperança,
Alegra-se com a própria dor!
«Que tal um "abraço de urso?"»
Que pergunta tão inquietante,
Um gesto tão simples,
Mas nada insignificante!
Como descrever este mistério
Tão cheio de paz e perdão?
Como descrever um caminho tenebroso
Que se torna em porta de Salvação?
Um abraço verdadeiro e caloroso!
Que forma maravilhosa de abençoar!
Um carinho cheio de verdade e Amor!
Que maravilhosa forma de perdoar!
Susana Vilas Boas
(31-05-2013, recordando...)


Qual o gosto de um beijo?


     Uma pergunta ousada mas que exige resposta pela forma como se impõe. Os mais tímidos e discretos fufirão dela ou simplesmente responderão sussurrando ao ouvido de quem pergunta.
   O beijo...! Quanto se poderia dizer sobre ele! Talvez algumas histórias possam ajudar a melhor conhecer o seu sabor:
    Chamaram "beijo da traição"  ao beijo de Judas a Jesus (quando este o entregou), no entanto, nem por isso Jesus lhe chamou traidor e a constatação de que "era com um beijo que entregava o Filho do Homem" era resultante da multidão armada que seguia Judas e não culpa do beijo em si (que, supostamente, "tinha o sabor da traição").
      Há dias, uma adolescente, zangada com o namorado, dizia: "como é que ele me podia estar a trair e eu sem dar por ela?" Por aqui, também parece que o beijo não traz consigo o sabor da traição...
      Uma mãe, zangada com o seu filho de 5 anos, que havia rabiscado todas as paredes do apartamento,  tentava apanhá-lo para uma boa surra. Este, ao fugir para a rua, acabou sendo apanhado por um carro. A mãe precipitou-se para ele vendo se tinha ficado muito ferido. Tendo nos braços... beijou-o! Não, não havia raiva naquele beijo...
       Qual o sabor de um beijo? Qual o seu gosto de facto?
     Perante estas histórias que tanto ilustram beijos dados em circunstâncias tão adversas ao amor, parece que nada, nenhum sentimento consegue apagar o gosto do Amor que um beijo contém.
É facto que num beijo, pelo menos um dos nele participam, Ama. Assim, parece evidente que não nenhum "dissabor", traição, raiva ou qualquer outro sentimento possa sobrepor-se ao Amor, porque aquele que ama está sempre em vantagem!
      Qual o gosto de um beijo? Amor! Sempre, só e unicamente Amor!
Susana Vilas Boas
2013/05/14


Qual o som da linguagem do Amor?

Abdias era um pequeno de pouco mais de um ano. Quis a vida que gostasse do meu colo e, logo que conseguiu dar os primeiros passos, me ia perseguindo pela casa.
Todos os dias, a linguagem que trocávamos era estranha: ora sons que ninguém entendia, ora um idioma qualquer (dependendo da minha disposição), ora simplesmente a linguagem das minhas falsas mordidas que provocavam as suas gargalhadas que ecoavam no seio de uma floresta cheia de cor e sons.
Um dia, o Abdias ficou doente… nada parecia conseguir combater as chagas que lhe iam propagando o corpo… o seu sorriso ficou triste e a nossa linguagem passava muito por um abraço infindável onde os corações, frente a frente, comunicavam sem palavras…
O Abdias partiu… na aldeia, gritos e choro reclamavam a vida deste pequenino. Que dizer aquela mãe que já não tinha mais lágrimas para chorar nem palavras de desalento para gritar? Fui… ao aproximar-me da casa (talvez pelo som do meu caminhar), a mãe ergueu a cabeça e atirou-se para os meus braços. Aí ficamos sobre a esteira. Nada era dito, apenas o som da respiração se ouvia naquele espaço tão cheio de gente mas tão silencioso…
As palavras, as gargalhadas, os sons, os silêncios, o bater do coração, o respirar… tudo falou de Amor porque tudo era movido pelo Amor. O som da linguagem do Amor é aquele ruido silencioso que faz pulsar a vida, que faz crescer as plantas, que faz as árvores se agitarem, que faz provocar um sorriso e secar uma lágrima. É por isso que pouco importa o som (ou a ausência dele), que utilizamos nas nossas relações, o importante é que possamos utilizar no Amor o próprio Amor…
De facto, já ouvi silêncios que mataram; já ouvi falsas palavras de amor, já ouvi sorrisos e choros de raiva e vingança… E com a vida fui aprendendo que o som do Amor não é algo externo… o som do Amor não é senão Amor, porque a sua linguagem só existe no próprio ato de Amar.
O Amor também se diz mas não se ouve… sente-se. O som da linguagem do Amor? AMAR!

Susana Vilas Boas
2013/05/04



Quanto pesa uma lágrima?

Aos olhos de quem a provoca pode até nem ter peso, mas, aos olhos de quem a deixa sair de si... tem o peso de todo o seu coração: de todo o seu amor, de todo o seu sofrimento ou de toda a sua alegria. De facto, as lágrimas estravazam o que de excesso vai no coração, por isso, choramos por amor, por dor e por alegria. Ao rolarem as lágrimas num rosto, o coração busca o seu equíbrio... o seu repouso, é por isso que as lágrimas nunca são perdidas, elas são oferecidas a quem amamos... oferecidas (muitas vezes, unicamente) ao próprio Deus. É, pois, o peso  destas lágrimas que, de um coração a outro, consegue oferecer equilíbrio (tanto para quem as oferece como para quem as sabe receber).
Um dia, um amigo dizia-me: «os teus amigos não são aqueles a quem ofereces o teu sorriso, mas aqueles que tornaste dignos de te ver chorar». Um grande sábio e um grande amigo este! Mesmo se, pelo menos nessa altura, nunca lhe tivesse sido dado a conhecer o peso do meu "transpirar do coração".
Quanto pesa uma lágrima? Se é nossa, facilmente conseguimos identificá-lo, se é dos outros... vai depender do peso do Amor que existe em nós...
Susana Vilas Boas
2013/04/30


Quem é o meu próximo? Jesus!
O Gonçalo é uma criança que, apesar da pouca idade, tem já uma longa história de vida. O tanto que já viveu faz com que nem sempre esteja concentrado como ele mesmo gostaria. No outro dia, na catequese, a catequista perguntou-lhe:
- Quem é o teu próximo?
- Jesus! – Respondeu ele sem saber o que dizia. De facto, nestas idades, todas as crianças sabem que só há duas respostas certas na catequese que podem servir para responder corretamente a 99% das perguntas: “Jesus” e “ajudar os outros”. Claro que, neste caso, a resposta não convenceu a catequista, mas a mim fez-me pensar.
Um dia, já há alguns anos, com adolescentes, fizemos uma encenação da parábola do bom samaritano (Lc 10, 30-37) e a pergunta final era: “quem é Jesus nesta história?”. Claro que todos responderam que era o homem que ajudava o pobre que tinha sido espancado. Eu levantei-me e, contrariando o grupo, perguntei se não seria antes o homem caído no chão que era visto pelo que passava como um Cristo crucificado. Fez-se silêncio…
Estas duas histórias, em paralelo com a parábola, faz-me perceber que afinal o Gonçalo não estaria assim tão errado. De facto, “meu próximo” é aquele de quem eu me faço próximo, diz a parábola. Assim, na medida em que eu reconheço no outro um irmão – a imagem de Cristo vivo – será o próprio Jesus o meu próximo. Por outro lado, só me fazendo próximo de Jesus posso estar próximo do outro (esteja ele pregado à cruz do sofrimento, esteja ele glorioso, caminhando serena e alegremente a meu lado).
Ouso, ainda, ver a parábola noutra perspetiva. Imaginemos que, ao aproximar-se (ao tornar-se próximo) o Samaritano, o homem ferido recusava a sua ajuda. Quem seria então próximo de quem? Recusar a aproximação do outro é impedir o encontro e a possibilidade de viver em proximidade. Isto é também verdade em relação a nós e ao próprio Jesus. Se, caídos no caminho, recusamos que ELE se torne próximo, como poderemos tornarmo-nos, nós mesmos, próximos de alguém? De facto, só na medida em que deixamos Cristo tornar-se próximo de nós, podemos tornar-nos próximos para o outro, porque seremos capazes de ver no outro o próprio Jesus.
Quem é o meu próximo? Jesus! Sem ELE o outro é apenas “o outro”, mas, com ELE (permitindo que ELE se torne meu próximo) o outro será SEMPRE um “eu com o outro”, por Amor e ação do próprio Jesus.

Susana Vilas Boas
2013-04-24



Bíblia:
Palavra inspirada ou Palavra expirada?

“Vamos ver quem consegue ficar mais tempo sem respirar. Um, dois, três! Hamm”. Assim, começam algumas brincadeiras de criança, brincadeiras essas que os pais sempre proíbem, não vá algo correr mal! Na verdade, quem quiser, a todo o custo, ganhar o jogo, corre o risco de sufocar. A vida é incompatível com a não respiração. Este é, de facto, o primeiro grande desafio com que nos defrontamos ao nascer. Mas… que tem isso a ver com Bíblia ou com Palavra de Deus?
Numa primeira abordagem, se consideramos a Palavra de Deus ou a Bíblia como fonte e verdadeira Vida, então, percebemos que, também ELA, sem respiração, não subsiste. Mas… que quer isso dizer?
Vejamos os significados. Inspirar é “inserir ar nos pulmões” ou, em sentido figurado, “fazer nascer no coração, no espírito, um sentimento, um pensamento, um desígnio”. É neste último sentido que afirmamos que a Bíblia é um conjunto de textos inspirados por Deus. Certo. Mas, que aconteceria se se sustesse o inspirado? E se esta inspiração não fosse seguida de uma expiração? Como disse a cima, lá onde não há respiração, não há vida. Neste caso, seria, então, a morte da Palavra divina?
De facto, não. Deus é Palavra e a Palavra contém em si a sua própria transmissão. Uma palavra não proferida, não transmitida, não pode ser palavra, porque é simplesmente desconhecida, ausente. Assim, Deus é Palavra que inspira e expira, porque é, ela mesma, a própria Respiração – sopro de Vida!
Hoje, como ao longo da História, muitos se sentiram chamados e inspirados por esta Palavra, mas o seu valor e a sua obra só foi reconhecida e marcante porque ousaram expirar.
É este movimento do Espírito: inspirar-expirar, por isso, quando, em algum momento disseres “isto inspirou-me muito”, ou “isto inspirou-me para…”, faz um favor a ti mesmo: expira! O que é inspirado tem que ser expirado, caso contrário, nunca produzirá vida. A inspiração realiza-se na expiração e esta última não tem lugar sem a primeira. Expirar a Palavra de Deus não é uma opção, mas a única forma de nos mantermos vivos.

Susana Vilas Boas
16/04/2013



“Vinde ver!”... O quê?
O mistério do túmulo aberto e das portas fechadas

Eram quase duas da tarde, o sol abrasador e o facto de estar sem comer desde as seis da manhã também fazia aumentar o cansaço. Passando pelo paço episcopal, parei e fui entrando. De facto, ali a casa ficava sempre aberta. Lá dentro, ouvi a voz do bispo que, sem saber quem era, anunciava a sua presença e ia dizendo: “Só um bocadinho. Estou a ir”. Finalmente, apareceu. Ao ver-me, sorriu e disse:
- Que fazes aqui?
- Vim ver como está o meu bispo. – Respondi.
- Estou a ver – continuou – e já almoças-te?
Vendo o meu sorriso, foi entrando comigo para a cozinha, explicando que a cozinheira já tinha ido embora. Abriu o frigorífico que, estando praticamente vazio, fechou rapidamente, afirmando por meio de gargalhadas: “Vais comer a melhor sopa da tua vida!” Dito isto, caçou um pacote de sopa instantânea da despensa e acendeu o fogo.
Eu insisti: “Vim ver como está o meu bispo e acabo por pô-lo na cozinha!” Lá fomos para a mesa. Aí, a conversa foi longa e a partilha de vida intensa. Agradeci e segui caminho até casa.
Anos depois, estando com trabalhos pastorais entre mãos, lá fui contactando os vários agentes pastorais que se iam envolvendo comigo nas mais diferentes atividades. Surpresa das surpresas: receberam-me à porta, fizeram-me entrar… na salinha de visitas à entrada. E isto não foi uma vez nem duas vezes! Não se trata apenas de uma congregação ou de uma casa de formação!
Recordo uma vez que até acreditei que iria penetrar no espaço “sagrado” e impenetrável de uma destas casas. A pessoa com quem me encontrei, precisava de ir buscar um documento para me dar. Disse: “Venha, venha” e, chegando à porta de entrada n a grande porta que dizia “privado”, disse: “bom… é melhor esperar aqui”.
Os seminários e os conventos de portas fechados!
Olho o túmulo vazio com a pedra rolada para o lado e a sério que não percebo! Não, não bastava um túmulo vazio, era preciso que ele estivesse aberto para que se pudesse entrar, e entrando, se pudesse sair e anunciar o que se viu.
Neste tempo – dito de crise de vocações – ecoa em mim as palavras do Mestre àqueles que procuravam saber onde ELE morava: «vinde ver!» (Jo 1, 38-39). Hoje, o convite, a provocação, a proposta já não é a mesma a quem pretende saber onde ELE mora. O “vinde ver” parece ter deixado de existir. Mas porquê? Já não haverá nada para mostrar? Que sociedade é esta nossa para que, em nome do privado, se torne privado e restrito o próprio acesso a Cristo que, não precisando de nós, continua a servir-se dos seus mediadores?
As duas histórias que acima cito (e que não são mais do que exemplos simples de tantas experiências feitas) mostram não um rosto de Cristo diferente, mas uma dimensão diferente do Amor e do Serviço. Uma porta fechada nunca falará de ressurreição, já uma porta aberta, ainda que pouco de material exista no seu interior, manifestará sempre a ressurreição de Cristo, será sempre um convite a testemunha-Lo, a Servir e a Amar os demais. Razão tinha o Mestre no convite “vinde ver”. Hoje, ele desafia-nos – a nós que O seguimos – a ir mais longe: “Aprendei de Mim que sou pobre e humilde de coração” (Mt 11, 29).
Susana Vilas Boas
13/04/2013




O desafio? Deixar-se Amar!
Há dias, falando com um amigo (que ainda não sabe o quanto o tenho em consideração e estima), este, contava-me o quão difíceis estão a ser, para ele, os últimos tempos. Não entrou em pormenores. Pelo contrário, apercebendo-se que, de algum modo, se estava a expor, desviou o assunto e deu por terminada a conversa…
Dias depois, encontrando-o novamente, tentei perceber se as coisas estavam “não-piores”, já que perguntar-lhe se ele estava “melhor” podia, de algum modo, parecer invasivo. Ele sorriu, não respondeu, desviou o assunto e partiu…
Hoje, este amigo (que tanto se parece comigo em algumas coisas) continua a estar presente na minha oração e preocupação. Contudo, este exemplo simples e inquietante – porque me toca particularmente – faz-me pensar no grande desafio que é deixar-se Amar.
Muitas vezes, são “amizades” fracassadas ou a confiança traída que provocam esta recusa de se deixar Amar. Mas… que dizer quando simplesmente nos desabituamos de acolher o carinho que nos é oferecido? Que dizer quando, pelo hábito de oferecer o nosso carinho, amizade, ajuda aos que se cruzam connosco, nos desumanizamos ao ponto de não conseguir receber o dom da ajuda e da amizade que nos é oferecida? Considerar-nos-emos (ainda que inconscientemente) super-homens, que pela sua natureza – Superior – seria vergonhoso aceitar ajuda e Amor dos não-superiores/inferiores a nós? Estaremos a negar a nós mesmos o direito de estar fragilizado?
Não sei…
Estas, são perguntas que surgem olhando este amigo que, de uma maneira ou de outra, é um reflexo de tantas pessoas que não conseguem, pelas mais diferentes razões, deixar-se Amar. Sei que, neste caso particular, ele sabe que pode contar comigo; sei também, pelo pouco que o conheço, que muito provavelmente não o fará. Contudo, uma vez reconhecido o desafio de deixar-se Amar… porque não ousar fazê-lo (independentemente dos riscos que possam hipoteticamente surgir)? Porque não tentar vencer aquele “não sei o quê” que acaba por afastar-nos daqueles que se nos fazem próximos?
Susana Vilas Boas
2013-04-08



Aos amigos sacerdotes


Aquela noite... é hoje!

Estava gélida aquela noite,
não pelo frio vindo do exterior...
Estava gélida aquela noite,
Pela falta de paz interior...

Eis que ELE se levantou
Não para começar um revolução,
Não para reivindicar direitos,
Não para uma Nova Evangelização...
Levantou-se unicamente
Para se poder ajoelhar,
Para aquecer o coração,
Daqueles que o iam negar.

Aquela noite trouxe algo novo:
O Corpo, o Sangue, o Servir.
Aquele noite tornou-se a razão de vida
Para todos os que O ousam seguir!
Por isso, caro amigo,
Hoje te quero agradecer,
Por tornares hoje possível
Aquela noite acontecer!
Que os joelhos não desfaleçam,
Nem as mãos se cansem de servir
E que aquela Quinta-feira
Continue a ser a força do teu sorrir!...
Susana Vilas Boas
Quinta-feira Santa, 2013





O que descobri da Quaresma

Ouvi dizer que a Quaresma
É tempo onde tudo é proibido,
Onde só existe valor
Naquilo que é dolorido!
Ouvi dizer que Quaresma
É tempo de espera entristecida,
Onde só existe valor
No jejum e na abstinência sofrida!

Depois…

Descobri que a Quaresma
É tempo onde tudo é permitido,
Onde o verdadeiro valor está
No que é amado e querido!
Descobri que Quaresma
É tempo de Esperança e de Vida,
Onde o verdadeiro valor está
Na Caridade oferecida!

Susana Vilas Boas
Quaresma, Fevereiro 2013



Natal... dom para a Humanidade

O Natal está a chegar,
Vem em forma de criança:
Traz consigo alegria
E razões de Esperança.
A Esperança não nos engana,
Por isso, há que acreditar,
Que o Natal só acontece
Se vivermos para Amar!
Este tempo de Advento,
Leva-nos à ditosa descoberta:
Que Amor exige sempre
Uma resposta concreta!...
Ousemos, pois, nesta quadra,
Celebrar com toda a Verdade,
Aquele que vem ao nosso encontro,
Aquele que é dom para a Humanidade!
Susana Vilas Boas
Natal 2012



AO SAGRADO CORAÇÃO

Como descrever em palavras,
Um tão grande e nobre coração?
Todo ele é Amor e Verdade,
Todo ele é entrega e doação.

É um coração aberto,
Cheio de Vida e Esperança.
É um coração humano,
Animado pela divina confiança.

É um coração trespassado
Pelo sofrimento e pela dor.
É um coração que perdoa,
Qualquer ofensa, qualquer desamor.

É um coração feito de alegria,
De Paz, de Vida e de Luz.
É o coração do qual nascemos:
É o coração de Jesus!

Comboni compreendeu
Que para viver a sua vocação,
Era preciso ir buscar as forças
Neste missionário coração!

Com ele, encontramos, nós também,
A força para continuar
Esta Missão que Deus nos confia
E pela qual vale a pena lutar!
Susana Vilas Boas
15-06-2012


Com-paixão / Sem-paixão

Mergulhado no deserto,
Exposto à tentação,
Lutou com valentia
Contra o facilitismo da perdição.

Buscando no Pai a resposta
A esta hora de aflição,
Venceu o caminho do desânimo
E de uma vida sem-paixão.

Guiado pelo Espírito
E numa atitude de oração,
Traçou, para Si, o caminho
De uma vida com-paixão.

Alguns O viram morrer,
Outros, O viram ressuscitar.
ELE, sempre vivo, demonstrou
Que a compaixão é Amar!

Deixou de parte o sossego;
Para Si, escolheu a Paz!
Deixou de parte o conforto;
Viveu uma vida audaz!

Rejeitou honras e glórias
E até uma vida serena.
Viveu a vida com-paixão
Para que esta valesse a pena!

Sobre a cruz, rejeitou o desespero,
Com o perdão venceu a dor.
Para nós, deixou o testamento:
Contra o desânimo, o Amor!...

Porque a Paixão conduz à Vida,
ELE, connosco, continua a viver
Permanecendo ao nosso lado
Para o que der e vier!...
Susana Vilas Boas
Páscoa 2012



HOJE COM COMBONI


Aos amigos que, com alegria, ousadia e fé continuam, com Comboni a trilhar e a abrir novos caminhos de Esperança para a Humanidade,
votos de um dia feliz, recheado de canseiras e desafios missionários.


Hoje celebramos com Comboni
                                                Ousando com fé e emoção,
                                                Juntar as nossas vidas
                                                E entregar-nos à missão!

                                                Comboni neste aniversário,
                                                Oferece-se para nós
                                                Modelo missionário.

                                                Comboni convida-nos à vida,
                                                Ousada e cheia de verdade,
                                                Mostrando a todos os povos
                                                Beleza e traços de felicidade.
                                                O pai que nos chama a partir,
                                                Não nega a missão aqui,
                                                Incentiva-nos, sempre, a não desistir.
Susana Vilas Boas
15-03-2012

Natal chama-nos…


O Natal está a chegar
E, com ele, uma nova Esperança:
O Senhor Jesus vem até nós
Na simplicidade de uma criança.

No nascimento de Jesus,
Descobrimos, com verdade,
Que Aquele que é a Luz,
Devolveu-nos a liberdade!

Nesta arte de ser livre,
Somos convidados a responder
Aos apelos sucessivos
Que Jesus nos está a fazer!

Neste ano do voluntariado,
Será bom se questionar
Se não é para além-fronteiras
Que Deus nos está a chamar.

Neste Natal que se aproxima,
Peçamos no nosso coração
Que Jesus-menino nos mostre
A nossa verdadeira vocação.

Que este Menino nos guie
Na resposta que LHE aceitarmos dar
E que sigamos, sem medo,
No caminho a que nos está a chamar!...
Susana Vilas Boas 
Natal 2011

Sem comentários:

Enviar um comentário