terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Desafios, Sorrisos e Fé


Crescer na fé:
 o desafio de todo o missionário

Era Domingo, o calor abrasador e os valores de humidade ultrapassavam já os 80%! A Márcia e eu fomos a M’Baiki, ao centro diocesano de formação. Aí estavam alguns dos nossos professores em formação que deveriam regressar a Mongoumba.

Chegamos e participamos a sessão de encerramento da formação. Esta ainda não tinha terminado quando o céu começou a escurecer e o vento a soprar com violência.
Tentamos apressar o regresso mas, nada a fazer. A chuva batia com força contra os vidros do carro. Que fazer? No dia seguinte uma nova formação começava em Mongoumba e nós precisávamos de estar presentes. Não dava para esperar a chuva pois o bac para atravessar o rio fecha às 17 horas. Há que tentar meter-se à estrada confiando a viagem nas mãos de Deus.
Metemos as quatro-por-quatro e lá avançamos numa marcha entre os 15 e os 20 km/hora. Pouco mais que a 2km do centro de formação, encontramos uma barreira. É uma barreira que está na estrada exactamente para impedir que os veículos (sobretudo os camiões) circulem quando chove para evitar assim de estragar (ainda mais) a estrada.
O guarda da barreira veio falar comigo.
- “Ó irmã, não pode conduzir com a chuva!”
- “Eu sei” – disse-lhe eu – “mas o senhor vai ser simpático e vai-me deixar passar. Sabe bem que não são carros como o meu que estragam a estrada”.
- “Ai não sei” – continuou ele – “ordens são ordens”.
Sem me dar por vencida, continuei a argumentar:
- “Já viu que se eu ficar aqui não chegarei a tempo para atravessar o rio? Não está bem que eu não durma em casa. Ande lá!”
- “Pois… se a irmã ao menos pagasse o café à gente…”
Fazendo-me de desentendida, continuei:
- “Café? Eu aqui não tenho café! Mas olhe lá, já conhece a Márcia?” – ele olhou para dentro do carro e acenou que não com a cabeça. “Ela” – continuei eu – “é a minha nova colega e veja lá, é a primeira vês que alguém vai pará-la na barreira e ela terá de dormir na rua! Sabe como é, esta gente nova não está habituada a isto e a pobre está aqui está a chorar.”
A Márcia, numa boa interpretação do papel de menina desprotegida comoveu o homem que nos deixou continuar a viagem.
Lá seguimos sempre com todos os cuidados. A terra batida debaixo do carro parecia mais areia movediça. A um certo momento, o carro desliza e lentamente lá conseguimos parar já fora da faixa de rodagem. Entregando-nos nas mãos de Deus seguimos viagem agora numa média de 15km/hora. Foram os 80km de estrada mais longos que fizemos!
Chegamos ao bac às 17 horas em ponto. Debaixo de chuva atravessamos o rio e, com a graça de Deus chegamos a casa.
À noite, só a palavra “obrigada” conseguiu ser a nossa oração.
Em cada dia, seja a natureza ou a cultura em que estamos inseridos, conhecemos os nossos limites e experimentamos a graça da Providência Divina.
Dificuldades? Sempre! Mas a fé que nos alimenta não nos faz perder a esperança. Não vivemos a missão por nós mesmos mas por Aquele que aqui nos enviou e envia em cada novo dia.

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