«Mil vidas para a Missão»
do sonho de Comboni à actualidade
Mais de quarenta anos depois da evangelização de Mongoumba, é
neste ano que se realizará, na festa da Sagrada Família, os primeiros
casamentos católicos de pigmeus!
Na verdade, estes casamentos representam muito mais que a festa
visível aos olhos de todos. Neste dia, 17 casais celebraram este sacramento e,
pela primeira vez, pigmeus e não-pigmeus, numa situação de igualdade, partilharão
os mesmos lugares de honra na Igreja e os mesmos trajes festivos!
A evangelização de pigmeus está no seu começo mas descobrimos
com alegria que, culturalmente, estes possuem valores que estão muito de acordo
com o cristianismo.
O Gabriel é um deles. Quando na visita a uma das capelas este
jovem se aproximou do P. Jesús e lhe perguntou se não podia, também ele,
casar-se com a sua mulher. O P. Jesús procurou saber um pouco mais da sua vida.
O Gabriel, a mulher e alguns dos pigmeus do mesmo acampamento,
tinham sido baptizados no passado mas, de seguida, Mongoumba viveu vários anos
sem padre residente e, pouco a pouco, os não-pigmeus tomaram todos os lugares
na capela e na paróquia não lhes deixando muito espaço para a vida paroquial.
A nossa paróquia lançou, este ano, a ideia de fazer uma
celebração única para a realização do casamento que reunisse casais de todas as
capelas. Assim, o Gabriel, como outros do acampamento, querem aproveitar esta
oportunidade, para celebrar, também eles, este sacramento (evitando assim as
grandes despesas da festa, que serão partilhadas por todos os casais).
O P. Jesús, tentou saber um pouco mais: “A questão do dote está
regularizada?” – perguntou ele.
- “Que dote? Nós (os pigmeus) não temos problemas de dote. Na
nossa tradição não há nada a pagar.” – respondeu o Gabriel.
-“Mas”, continuou o P. Jesús, “ela é a tua única mulher ou há
outras?”
- “Nós só temos uma mulher!”
O P. Jesús, partiu então ao acampamento com a Márcia para
conhecer os outros casais e conhecer um pouco mais das suas vidas.
Este casamento que reunirá autoridades e pessoas simples será,
sem dúvida, um momento abençoado para quebrar as barreiras da descriminação e
descobrir novos caminhos de evangelização e de justiça para este povo que
reclama o seu direito a conhecer a Cristo e a viver segundo os valores do
Evangelho.
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